“Filhotes de Víboras”
“Raça de víboras, como podeis vós dizer boas coisas, sendo maus? Pois do que há em abundância no coração, disso fala a boca.” (Mateus 12:34)
As pessoas que viviam na época de Jesus consideravam os fariseus um modelo de homens religiosos. Porém, em Mateus 12:34, Jesus os chama de raça (ou filhotes) de víboras. Chamar alguém de “víbora” era um insulto, mas chamar alguém de “filhote de víbora” era um insulto maior ainda.
O conceito que o escritor grego Heródoto (484 – 425 a.C) formulou sobre as víboras árabes era muito conhecido nos dias de Jesus. A maioria dos répteis põe ovos, mas acreditava-se que os ovos das víboras eclodiam ainda dentro do ventre da mãe. Então o bebê da víbora comia sua mãe por dentro antes de nascer, matando-a ao longo do processo. Do mesmo modo, segundo alguns escritores da Antiguidade, incluindo Heródoto, as mamães víboras comiam os machos enquanto estavam grávidas, por isso os filhotes vingavam os pais matando a própria mãe.
Matar o pai ou a mãe era o crime mais terrível entre os povos da Antiguidade. E mesmo se um filho matasse um dos pais para vingar a morte do outro, os gregos acreditavam que ele seria atormentado por espíritos vingativos chamados “furiosos”. O povo judeu também considerava o assassinato dos pais ou de qualquer parente de sangue algo terrivelmente maligno.
Ao chamar os fariseus de “filhotes de víboras”, é possível que Jesus estivesse comparando-os com quem mata os pais, indicando assim, que eles eram extremamente perversos e desprezíveis.
Por outro lado, o significado da palavra víbora no Aurélio é “Nome dado a um grupo de cobras venenosas.” No Livro de Gênesis nós vemos outra citação com a palavra “serpente”, que segundo o dicionário é o “Réptil da ordem dos ofídios; cobra.” No mesmo livro, vemos como a serpente aproveitou-se da inocência de Eva e a enganou, manipulando-a a fazer sua vontade.
Assim, nesse outro contexto, quando Jesus chamou os fariseus de “raça” ou “filhotes de víboras”, é bem provável também que ele não estava simplesmente “xingando”, mas comparando aqueles religiosos com a serpente do Jardim do Éden, satanás! Pois enganavam e manipulavam o povo, prevalecendo-se do conhecimento e da posição que ostentavam.
Nos tempos atuais, vemos muitas vezes o mesmo espírito de engano e manipulação agir em meio aos cristãos. O mesmo que levou à queda de Adão e Eva.
Que o Senhor nos dê discernimento para compreender que “pelo fruto se conhece a árvore” (Mateus 12:33), e que de uma mesma fonte não pode jorrar água doce e amarga (Tiago 3.11). Que todo espírito de mentira e manipulação seja m extirpados do seio da Igreja de Cristo.
Na Unidade da Cruz,
Adalberto Araújo